[5 de abril de 2024]


Por que continuamos vivendo?


O amar de viver

Um jogo feito por mim de mim mesma comigo mesma.

Desejo que tudo aquilo que foi descartado, poderia ter sido usado. As folhas de hortelã do meu chá se derramaram no chão, tão pequenas que se organizaram em um milhão de migalhas impossíveis de serem pegas com a mão. Naquele momento, eu sangrei pelo agricultor, pela abelha e pelo animal. Uma planta que já estava morta, morreu de novo. Como um feto que é criado com carinho, cresce até a vida adulta mas jamais chega á velhice, muito menos serve um propósito. Eu queria que todo o lixo do mundo des-apodrecesse, e seria celebrado. As bananas nunca ficariam maduras demais, seriam comidas no exato momento certo. O papel nunca se rasgaria, seria usado de novo e de novo e de novo, com poemas e listas de compras de uma dona de casa. Nada se iria, tudo ficaria.

Por que continuamos vivendo, se um dia eu posso cair no chão e não conseguir ser pega de volta com as mãos de Deus? Então criei esse pequeno jogo, "O amar de viver". Não existe uma definição muito glamurosa de onde surgiu esse nome, apenas surgiu. Não tem uma grande história por trás, também não tem futuro por de frente. É um nome que existe no agora. Baseado livremente e sóbriamente das palavras de uma música da Lana del Rey,

I love to love you
and I live to love you
And I love to live
Alguma coisa assim. Blablabla.

Provavelmente eu errei a letra. Eu sempre erro.

Pois eu sou uma criatura, e eu estou com medo. Então eu criei esses personagens, que vivem em lugares estranhos. Não sei de onde eles vem, só sei que amo eles de uma forma avassaladora que corta meu coração e me faz chorar rios enquanto me ajoleho pedindo perdão, pois eu não conseguirei salva-los, são eles que me salvam. No final, é a criança que salva o adulto, com sua delicadeza tão forte. A criança é tão sábia em suas brincadeiras, que brinca de ser feliz. Enquanto isso, o adulto brinca de parar de brincar, e fala "Agora, eu me tornei a Morte. O destruidor de mundos".

Até hoje me lembro de quando aprendi sobre atomos na química. Os escolares antigos acreditavam que átomos de água tem gosto de água, átomos de vinagre tem gosto de vinagre. E também aprendi na biologia que nenhum animal jamais seria clonado perfeitamente. Possuímos a ovelha dolly (que mentira... nenhum animal pertence ao ser humano) e também temos as amebas que se dividem infinitamente, mas todas possuem defeitos. A ovelha dolly segunda morreu prematuramente. Nunca conseguirá existir dois de um, pois tudo é um. Unificado pelo todo, nos tornamos livres.

Então eu criei personagens de uma terra distante, que jamais serão copiados. São unicos na sua dor, no seu sexo e no seu olhar. Eles são únicos pois são todos iguais, juntos por uma linha que os torna inseparáveis. Eles vieram de si mesmos, são suficientes em si mesmos. E quando se alcança o suficiente, tudo se torna o bastante. Não existe mais riqueza, não porque todos tem a mesma quantia de dinheiro, mas sim porque o dinheiro deixa de existir. Não existe mais inveja, não porque são perfeitos, mas sim pois os defeitos se tornaram os suficiente. Não existe mais amor, não pois deixaram de amar, mas sim pois não existe mais outra opção. Pois ou voce morre ou ama. E no final, minhas histórias irão me segurar como um anjo, enquanto eu adormeço mas jamais vou embora. Pois quando eu morrer voltarei como uma ventania, e caso voce estiver vivo depois de minha morte, verá uma grande ventania que destruirá o coração dos maus. E saberá que fui eu.